Por que a Ufologia e a Criptozoologia Não São Consideradas Ciências?
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Representação artística de um Objeto Voador Não Identificado (OVNI) e um Pé Grande, dois ícones da ufologia e criptozoologia, respectivamente. |
A ufologia e a criptozoologia são frequentemente tratadas com fascínio, pois envolvem fenômenos misteriosos e criaturas desconhecidas, que inegavelmente atiçam nosso imaginário. Contudo, até o momento, essas áreas não são consideradas ciências legítimas. Isso ocorre devido à falta de métodos científicos rigorosos, evidências confiáveis e verificáveis, e ao uso inadequado do método científico em suas investigações.
Falta de Verificação Científica
Uma das principais características da ciência é a capacidade de testar hipóteses de maneira replicável (que possam ser reproduzidas por outros cientistas) e objetiva. Na ufologia, relatos de avistamentos de OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados) ou, atualmente denominada FANIs (Fenômenos Alômanos Não Identificados) são frequentemente difíceis de verificar ou de serem repetidos em um ambiente controlado. Além disso, as evidências físicas (eventuais peças e pedaços de OVNIs) muitas vezes são insuficientes ou inexistentes. Os registros que existem são, na sua maioria, relatos de pessoas e gravações. Embora o número de relatos seja imenso e embora a ciência não exclua a possibilidade de vida extraterrestre, a ausência de provas concretas impede a ufologia de ser reconhecida como uma ciência.
Da mesma forma, a criptozoologia, que busca estudar criaturas lendárias como o Pé Grande, o Monstro do Lago Ness e outros "criptídeos", enfrenta um problema semelhante. As evidências apresentadas, apesar de serem oficialmente documentadas em muitos casos, geralmente se baseiam em testemunhos ou avistamentos que não podem ser confirmados cientificamente. Por exemplo, não há fósseis, espécimes vivos, ou outros dados concretos que possam ser analisados por métodos científicos rigorosos.
Outro bom exemplo foi a denominada "Noite Oficial dos OVNIs", que ocorreu na noite do dia 19 de maio de 1986, quando cerca de 20 objetos aéreos não identificados sobrevoaram o espaço aéreo brasileiro nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Paraná. O caso foi relatado por controladores de vôo e pela aeronáutica, compondo um robusto documento oficial incluindo áudios de pouco mais de 7 horas. No entanto, falha na verificação científica, pois dificilmente o fenômeno poderá ser reproduzido em ambiente controlado.
Ausência de Método Científico
Outro fator que impede a ufologia e a criptozoologia de serem consideradas ciências é a falta de aplicação consistente do método científico. Esse método envolve a formulação de hipóteses, realização de experimentos, coleta de dados e a análise desses dados de maneira objetiva e controlada. Tanto a ufologia quanto a criptozoologia falham em seguir essas etapas de forma adequada. Na ciência, para que uma teoria seja aceita, ela deve ser passível de falsificação — ou seja, deve haver uma maneira de provar que está errada. No entanto, em muitos casos, as alegações dessas áreas são baseadas em pressupostos que não podem ser testados ou refutados de forma clara.
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Algumas formas mais comuns de OVNIs relatados. Fonte: UFO Sightings Chart - Arquivo Nacional do Reino Unido. |
Conhecimento Aceito pela Comunidade Científica
A ciência avança por meio de publicações revisadas por pares, onde os resultados são analisados e verificados por outros cientistas. No entanto, a ufologia e a criptozoologia raramente têm estudos publicados em revistas científicas respeitadas (veja no próximo parágrafo). A comunidade científica geralmente considera essas áreas como pseudociências, uma vez que seus métodos e conclusões não seguem os padrões científicos aceitos. Além disso, muitas vezes, as pesquisas nessas áreas não apresentam a mesma objetividade e rigor que outros campos científicos.
Estudos Acadêmicos sobre Ufologia e OVNIs em Universidades Renomadas
Embora a ufologia e criptozoologia ainda não sejam consideradas ciências formais, algumas universidades, como a Pennsylvania State University, estudam estas áreas como fenômenos sociais. Já o trabalho realizado por pesquisadores do SETI Institute e da Universidade da Califórnia, tenta explicar fenômenos aéreos não identificados (UAPs) investigados com metodologia científica. Pesquisadores como Shelley Wright, astrobióloga e astrofísica da Universidade de Califórnia, exploram esses fenômenos dentro do contexto da busca por sinais extraterrestres, embora sempre com uma abordagem rigorosa e cética.
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Ipupiara, um suposto criptídeo que aterrorizava cidades costeiras no Brasil Colônia. Ilustração de Valentin Stansel. |
O que é Pseudociência?
A pseudociência refere-se a crenças ou práticas que se apresentam como científicas, mas que necessitam de evidências empíricas sólidas e não seguem os princípios básicos do método científico. Enquanto a ciência é baseada em experimentos replicáveis, dados verificáveis e revisão por pares, a pseudociência geralmente se baseia em evidências anedóticas, falta de rigor e conclusões que não podem ser testadas ou falsificadas. Exemplos comuns de pseudociência incluem a, além da ufologia e da criptozoologia, a astrologia, a homeopatia. Elas falham em proporcionar provas concretas e não se submetem ao mesmo escrutínio e validação que uma teoria científica tradicional exige. Por isso, essas áreas não conseguem ser reconhecidas como verdadeiras ciências, apesar de frequentemente atraírem grande atenção popular.
A Verdade Está Lá Fora(?)
Embora intrigantes e cheias de mistério, a ufologia e a criptozoologia, até o momento, não são consideradas ciências legítimas devido à falta de evidências verificáveis, o uso inadequado do método científico, e a ausência de validação por parte da comunidade científica. Para que essas disciplinas se tornem reconhecidas como ciências, seria necessário um processo mais rigoroso de pesquisa, testes controlados e evidências replicáveis que sigam os padrões científicos.
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